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30 May
31. Entre sem bater

entre leitura e estudo,

entre tocar e ouvir,

entre teoria e prática,

entre obra e processo,

entre sentir e pensar,

entre criar e fruir.

Entre

e nas entrelinhas, 

entram espantos

sem bater.

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Aviso: postagem pode estar entre o caótico e o nonsense

Ou: rejuntando espantos

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No dicionário:

Acorde

1. [MÚS] Consonância de dois ou mais sons simultâneos.

2. [POR EXT] Som musical.

3. [FIG] Concordância entre pessoas ou coisas; acordo, harmonia: "A música chega mesmo em certos casos a harmonizar dissabores num acorde feliz" (JR).

No livro Método Paulinho Nogueira para violão e outros instrumentos de harmonia:

Acorde - É a reunião de notas simultâneas. 

Entre o acorde maior e um acorde menor, temos a diferença de meio tom no 3º grau. O autor aqui, fala das diferenças que esse meio tom imprime quando tocado. Eu compreendo que meio tom pode parecer um abismo ao ouvir sensível. Ele complementa que acordes "maiores são alegres e vibrantes, os menores só sabem transmitir impressões de tristeza". 

Esse comentário está reverberando em mim, sobre a leitura do autor sobre esses sons. Gosto da primeira leitura em que num primeiro momento ele diz que "talvez seja impossível explicar". Os dois conjuntos de notas tocados simultaneamente provocam sonoridades diferentes por o que pode parecer uma mínima diferença. Falo do deslocamento de meio tom em uma das notas. É difícil, ou talvez impossível, explicar a diferença do que se ouve. Falo aqui sobre explicar a sensação, contar as impressões que um som provoca quando toca os ouvidos. A explicação do autor segue, e como era de se esperar, subjetiva, sobre alegria e tristeza relacionadas a acordes maiores e menores. Questiono: O que sinto quando ouço um acorde maior ou menor? 

Pego o violão toco: 

Dó Maior

Dó Menor

Respiro sobre o que "talvez seja impossível explicar". Sinto. Na diferença dos acordes de Dó maior - Dó menor, ouço o abismo. Quais sentimentos posso encontrar? Talvez seja difícil explicar. Não sei se sinto alegria ou tristeza. 

Me recordei de um símbolo que se usa na matemática, o infinito. Quanto mais repartimos um número, sempre existe um infinito de distância entre ele e o zero. Na régua, do centímetro 2 ao centímetro 1, existe um infinito de milímetros. De Mi a Mi bemol temos infinitos sons que nem sempre ouvimos, mas que existem. É só brincar de desafinar o instrumento e podemos achar essas notas que não conhecemos o nome.

Escrevi até aqui sobre estar entre, usei o dicionário para pensar nos acordes, falei da formação acordes, conversei sobre o infinito na matemática e para isso usei a régua. Estar entre. Queria agora um "sentimentimetro", para  entrar no sentimentos ao escutar dois acordes que se alteram apenas pela diferença de meio tom de uma de suas notas tocadas.

Sem o desejo provar nada, sigo na experiência. Só imaginei um dicionário ou aplicativo que pudesse dar nomes ao que escuto. Ou que ele mostrasse, como o meu corpo mostra, os infinitos daquilo que não se explica.

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