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07 Jan
160. Como explicar o que é performance?

No próximo sábado, comunicarei uma parte da minha pesquisa de mestrado no III Simpósio sobre Técnicas Restaurativas da Escola Método de Yoga Restaurativa, escola liderada por sua fundadora Miila Derzett.

Estudo com a Miila desde o início de 2020 e desde que iniciei os estudos com ela, venho fazendo paralelos entre o estudo em artes da cena, especificamente o que desenvolvo no meu trabalho, performance, música e literatura, e as técnicas restauravas, em especial, a meditação deitada. No meu entendimento, na minha cabeça, tudo faz sentido. Mas nem sempre é claro quando vamos comunicar, principalmente quando vamos falar em um grupo que reunirá profissionais das mais diversas áreas da saúde e bem estar. O interessante é que todas as palestras se propõe a falar de um ser humano de maneira integral, holístico. A arte que acredito, que me proponho a fazer, também.

Comecei a preparar com a minha fala e uma questão se formou na minha cabeça: O que é performance? Já me preocupei em explicar o que é um programa performativo, mas falar sobre performance ou o que quer dizer performativo, nunca. Hoje foi a primeira vez que parei para tentar responder essas questões.

Não encontrei uma única resposta. É que essa conversa começa em mil novecentos e pouco. Já assisti muitas aulas sobre o assunto, tudo parece respondido dentro de mim. O que faço pode ser entendido e chamado de performance. Agora, como falar sobre performance?

Aqui dei de encontro com a minha dificuldade ou resistência. O processo artístico normalmente flui. Preparar textos e falas respeitando uma forma mais acadêmica, ainda é desafio. O bom é que gosto. Acho que demoro mais para escrever nesse formato do que em outro, por outro lado, não me aborrece, me deixa motivada e coloco a cara nos livro e me dedico. Um bom jogo. Resolvi jogar com isso também. 

Eu me lembro que no começo do mestrado, demorei muito para entregar uma primeira tarefa, um primeiro artigo. No segundo, achei que não tinha nascido para isso. Depois entendi que se eu me divertir, será tão gostoso quanto tudo que faço.

Anotei coisas de dois livros para me ajudarem na construção da fala do próximo sábado:

"Os manifestos da performance, desde os futuristas até nossos dias, têm sido a expressão de dissidentes que tentaram encontrar outros meios de avaliar a experiência artística no cotidiano." (GOLDBERG, pág VVIII).

"A obra pode ser apresentada em forma de espetáculo solo, grupo, com iluminação, música ou elementos visuais criados pelo próprio performer ou em colaboração com outros artistas, e apresentada em lugares como uma galeria de artes, um museu, um "espaço alternativo", um teatro, um bar, um café ou uma esquina. Ao contrário do que ocorre na tradição teatral, o performer é o artista, raramente um personagem, como acontece com atores, e o conteúdo raramente segue um enredo ou uma narrativa tradicional." " (GOLDBERG, pág VVIII).

"... se há uma arte que se beneficiou das aquisições da performance, é certamente o teatro, dado que ele adotou alguns elementos fundadores que abalaram o gênero (transformação do ator em performer, descrição dos acontecimentos da ação cênica em detrimento da representação ou de um jogo de ilusão, espetáculo centrado na imagem e na ação e não mais sobre o texto, apelo pela receptividade do espectador de natureza essencialmente espetacular ou aos modos das percepções próprias da tecnologia)." (FÉRAL, pág 135).

"A performance não gosta do teatro e desconfia dele. O teatro, por sua vez, não gosta da performance e se distancia dela. Existe entre essas duas artes uma desconfiança recíproca. Tudo coloca a performance do lado das artes plásticas: sua origem, sua história, suas manifestações, seus lugares, seus artistas, seus objetivos, sua concepção de arte, sua relação com o público" (FÉRAL, pág 114).

"Schechner ampliava ali a noção para além do domínio artístico e nela incluir todos os domínios da cultura. Em sua abordagem, a performance dizia respeito tanto aos esportes quanto às diversões populares, tanto ao jogo quanto ao cinema, tanto ao rito dos curandeiros ou de fertilidade, quanto aos rodeios ou cerimonias religiosas. Em seu sentido mais amplo, a performance era "étnica e intercultural, histórica e a-histórica, estética e ritualística, sociológica e política." (FÉRAL, pág 115).

Sigo aqui, lendo mais um pouco, mas nesses trechos eu já tenho algo para colocar na minha fala. Amanhã destaco trechos para outras contextualizações.

FÉRAL, Josette. Além dos Limites: teoria e prática do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2015.

GOLDBERG, RoseLee. A arte da performance: do futurismo ao presente. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

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