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23 Jan
164. Semana que passou

Na segunda postagem deste blog, escrevi sobre minha busca, em casa, de objetos que guardo desde pequena. Postagem aqui. Naquele dia eu encontrei dois livros de estudo de violão do Henrique Pinto, Iniciação ao Violão e Técnica da mão direita.

Nas primeiras performances eu usei o livro Técnica da mão direita como inspiração e gravei alguns exercícios para usar de trilha no corredor. 

Nos últimos dias, pouco menos que duas semanas, peguei os dois livros e estou estudando exercícios que pouco estudei na vida. Eu sempre foquei no estudo de acordes e a vontade de me acompanhar cantando sempre foi maior do que tocar. Tenho sentido o desejo inverso. Tenho tocado sem pensar em cantar, procurando respeitar a partitura, a indicação de dedos a usar e estudando também a leitura. 

Percebo que fico sem muita vontade de escrever quando me dedico ao instrumento. 

Os exercícios de violão me colocam em um estado meditativo. Na última quarta, resolvi escrever após um período de estudo:

Algumas delicadezas são confundidas com tristeza. Uma música, por exemplo, faz o sentir expandir e nem sempre a alma está acostumada a navegar sentimentos.

O peito perde ou ganha ar demais. O som combinado de notas se parece com alguma coisa desconhecia e logo o corpo quer ocupar o espaço do desconhecido e logo diz:

- Estou triste, estou sentindo alguma emoção!

Mas uma música pode ser feita só de sons, um encadeamento de espaços entre ruídos e silêncios que caminham juntos. Isso faz navegar o barco, o não preencher nada, o não desejar nada. Se no compasso anterior uma emoção qualquer apareceu, no silêncio seguinte já é outro encontro. Um ruído depois de outro silêncio ou ruído ruído silêncio silêncio. Até esgarçar e não ter mais memória. Só o nada.

Eu estava pensando que, no momento que estou estudando uma peça, eu preciso tocar muito devagar. Antes de pensar qual andamento é o andamento, preciso ler, buscar nota a nota (ou pausa), o tempo de uma nota em relação as outras dentro do compasso e assim começar a tatear as cordas, observando se os dedos certos para nota tocada. O fazer devagar pode parecer "triste". É que um dia eu absorvi de alguém que a música lenta guarda alguma melancolia.  E assim segue a história da música e as emoções que ela causa. 

O fato é que a música é uma linguagem e a emoção nem sempre precisa de palavras. Resolvi sentir de fato o que a música diz, e não o que algo diz dentro de mim. O encontro está resignificando muitas coisas, assim como as minhas emoções.

Ah, outra coisa que tenho usado muito, o metrônomo. Mas isso eu escrevo em outro texto, junto com a retomada do Sentimentímetro que já apareceu em uma postagem.

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