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16 May
17. Escrita e voz

Tenho refletido bastante sobre o ato de escrever. Abaixo, alguns olhares sobre a minha própria escrita:

Caderno de Visitas - Quando termino meus estudos no/do corredor, eu medito deitada e depois escrevo. Chamei de caderno de visita, um espaço livre, posso escrever de qualquer maneira, expressão do fluxo do momento. Tanto faz se é mais técnico ou mais sensível. Ele é "só meu".

Blog - Escrevo aqui num desejo de comunicar o que acontece durante o processo de pesquisa. Se possível, falar sobre tudo e todos os aspectos, acertos, erros (gosto dos erros, lapsos e acasos), estudo de corpo e movimento, memórias, escrita poética, meditação, sonoridades, emoções, raciocínio, jogo, livros, filmes, músicas, e tudo mais que eu possa imaginar, como lembranças do passado e memórias inventadas. Também aparece por aqui o quê faço e como faço.

Artigos -  Ainda não conheço muito bem a minha voz nessa categoria de escrita. Escrevi meu TCC de pós que também teve um blog suporte. Transformei o TCC em artigo e também escrevi um artigo para avaliação da primeira disciplina do mestrado. Estou aprendendo. Existem diversas normas a serem cumpridas e um jeito de escrever. Mas posso ser eu mesma, jogando um jogo cheio de regras. Percebo aqui uma outra forma de conhecer e usar a minha voz.

Instagram do blog - Sempre acho muito difícil escolher um texto, uma frase para fazer postagens no Instagram. Fiquei pensando hoje que deveria elaborar a primeira frase do texto do blog como uma frase de para comunicar no Instagram, que tem uma linguagem mais instantânea e fotográfica, de comunicação rápida. Ali vale mais a imagem do que o texto. Utilizo os Stories para publicar fotos do processo e frases de livros.

Escrita dramaturgia ou literária - Sinto muita liberdade nessa escrita. Sinto a transformação de algo que se apresenta e chama para receber um corpo texto. Aprendi, em oficinas de texto literário, a criar regras para escrever. Busquei um caderno de uma dessas oficinas e li anotações desses jogos, encontrei o nascedouro de alguns textos. Também encontrei  influências como Italo Calvino (Seis propostas para o próximo milênio) e Cortázar (História de cronópios e de famas) em alguns textos da época. 

Uma vez ouvi que não escrevemos com ideias, escrevemos com palavras. Sei que escrever páginas de diário aqui no blog me ajuda em todas as outras formas de escrita. É exercício de voz. Voz é corpo, é expressão de pensamento, reinvenção de mundo. 

Antes de iniciar este texto, estava tentando elaborar um resumo para o meu artigo. Foi isso que me motivou a pensar nas diversas formas de escrever. Era a reflexão do momento, como ser entendida em poucas linhas. Como me entender e entender o meu próprio artigo em poucas linhas?

Escrever alguma coisa aqui todos os dias é exercício que exige compromisso, rigor, falar sobre o que penso e faço, sobre reflexões,  angustias, todos os dias. É me desamarrar das certezas, fazer perguntas sem apego a respostas. Assim a pesquisa permanece viva!

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