Peguei a cortina para dançar. Pensei em minhas avós, bisas, e quem mais resolver aparecer.
Poderia ser um lençol?
Poderia, mas é uma cortina.
E eu dancei com ela solta, com suas rebarbas do lado em que foi descosturada. Dancei com seus nós e me lembrei de um texto e de um vídeo que gosto. Sueli Rolnik fala da aranha e o órgão que produz seus fios. Das patinhas que tocam o fio e sentem a vibração do ambiente. Também me lembrei dela falando dos guaranis e dos ninhos de palavras alma. É o texto que ela abre o seu livro Esferas da Insurreição e que se chama "Palavras que afloram de um nó na garganta". Retomei o livro e segui. Alguma coisa me disse que ele deveria me acompanhar na viagem. Parei para tomar um chá e li/reli um bom pedaço. Me alimentou.
Abaixo, o vídeo que me acompanha faz algum tempo. Veja ela falando da aranha tecendo e sentindo o ambiente partindo dos fios que ela produz.
Sigo desatando nós e sentindo os fios.