Estou lendo o livro Conversas com Cortázar do repórter Ernesto González Bermejo. Comprei o livro faz muito tempo, ele ficou aqui perdido e achei na semana passada depois de uma troca de mensagens com a Sônia Azevedo (minha orientadora). Ela comentou sobre o conto Casa Tomada que está no livro Bestiário. Li o conto na mesma hora, gostei muito. No conto, entre outras coisas que não falarei para não estragar prazer de quem não conhece, ele vai descrevendo partes da casa e o desenrolar da trama vai acontecendo enquanto esse espaço vai sendo transformado.
Enquanto pesquiso, ocupo um apartamento vazio, paredes, cômodos, alguns poucos móveis, objetos e prateleiras cheias de livros antigos. Eu me concentro no corredor como tabuleiro, território que leva de uma ponta a outra de qualquer memória, real ou inventada, não importa. Vi no conto, elementos da escrita, forma de contar em que ele transforma o espaço. O movimento me interessou.
Voltando ao livro de conversas. As entrevistas são boas e revelam o processo de criação de Cortázar em diversas obras. Foi gostoso ler como ele teve ideia para escrever, por exemplo, Manuscrito encontrado no bolso e O perseguidor e principalmente O jogo da amarelinha. Também apresenta o acaso como disparador de situações.
Me encanta o encontro com o fantástico e a forma que ele fala sobre isso:
O fantástico irrompe no cotidiano, pode acontecer agora, neste meio-dia de sol em que você e eu estamos conversando.
Ainda estou lendo, durante a primeira leitura fica difícil comentar ou apresentar o livro, mas senti vontade de escrever um pouco sobre esse texto que está me ajudando muito a pensar uma escrita ficcional para o corredor. Ler o Cortázar contando sobre seu processo de criação é muito inspirador. Me ajuda a pensar o que estou fazendo, para onde quero ir.
Que o acaso e a aleatoriedade nos abençoe!